Carro de Leilão Vale a Pena? Saiba Tudo Antes de Comprar

Adquirir um carro de leilão vale a pena quando a transação é o resultado de um planejamento bem realizado. Isto é, trata-se de um bem de alto valor e que demanda gastos contínuos para a sua manutenção.

Por esse motivo, é fundamental ficar atento ao preço do automóvel e, também, a vários outros elementos envolvidos, tais como desgaste das peças, índices de depreciação, consumo de combustível, entre outros.

Os leilões de carros, em geral, tendem gerar certas polêmicas, em função das dúvidas referentes à origem dos veículos, da possibilidade de dívidas contraídas pelos antigos proprietários e outros temas.

Pensando nisso, apresentamos, ao longo deste artigo, as principais informações sobre os leilões de carros, além das principais diferenças entre eles, visando ajudar você a fazer uma compra bem-informada. Boa leitura!

A importância do edital

A primeira etapa, antes de entrar em um leilão de carros, consiste em ler atentamente o edital. Não perca de vista os dados dos automóveis pretendido e, sobretudo, confira as regras do certamente.

Similarmente, conhecer exatamente quem é o responsável pelas eventuais taxas é fundamental, pois, existem diversas obrigações após o arremate do veículo e que precisam, necessariamente, ser mencionadas em seus documentos.

No edital deve constar, também, outras informações (preferencialmente, detalhadas) sobre o lote em questão. Entre estes dados, a origem, o estado do carro, a existência de impostos ou multas em atraso, entre outros.

A princípio, o edital regra o certamente, de modo que todos os participantes devem fazer uma leitura atenta. Existindo dúvidas, entre em contato com o leiloeiro, pois, ele tem o dever de esclarecer pontos contraditórios ou omissos.

Sob o mesmo ponto de vista, não deixe passar nenhuma informação relevante acerca das responsabilidades de pagamentos, dos dados de danos do automóvel e, principalmente, se o veículo está funcionando.

Diferenças entre leilões

Há, no âmbito privado, leilões das mais distintas naturezas. Primeiramente, cada um possui as suas particularidades – tanto em relação aos processos e procedimentos pós-aquisição quanto aos preços.

Além disso, é altamente recomendável levar em considerações as eventuais restrições que os automóveis podem ter. Por isso, cada leilão poderá ser, até mesmo, voltado para atender as demandas de um público específico.

Bancos

A exemplo dos leilões do Detran, os certames dos bancos visam a recuperação financeira dos bens leiloados. Ou seja, são carros cujos proprietários não quitaram devidamente o financiamento.

Dessa forma, o veículo retornou à instituição financeira que havia intermediado a aquisição. Para reaver o seu investimento, o banco disponibiliza a comercialização desta forma.

De modo geral, os veículos são, portanto, recuperados de financiamentos. As origens dos carros são, via de regra, frutos de operações financeiras.

Dito de outro modo: são bens financiados, de uma forma ou outra, por pessoas físicas. Uma vez que estes indivíduos deixaram de arcar com o valor das parcelas acordadas, o banco leva o veículo ao leilão.

Seguradoras

Os carros de leilão que são realizados pelas seguradoras tendem a se enquadrar entre aqueles recuperados de roubos e furtos (ou que tiveram algum outro tipo de sinistro).

Por isso, nesses tipos de leilões, as chances de encontrar danos nos carros é consideravelmente maior.

Por serem automóveis recuperados e/ou sinistrados, os interessados devem ter atenção redobrada, principalmente, para os 3 graus de sinistralidade (que podem, no limite, impedir que o comprador faça o seguro do carro no futuro): a pequena monta, a média monta e a grande monta:

Pequena monta

Os danos de pequena monta são aqueles nos quais os veículos sofreram danos considerados leves, isto é, que não chegaram a abalar a estrutura ou o monobloco.

De acordo com isso, algumas seguradoras contam com planos especiais de coberturas para esses carros.

Média monta

Os danos de média monta se referem aos carros que sofreram danos mais graves. Nessas situações, muitas seguradoras não fazem apólices.

Ademais, alguns veículos têm a circulação proibida: é necessário efetuar consertos, submeter os carros a vistorias do Detran local e, ainda, obter laudos com restrições gravadas em seus documentos.

A validade destes laudos é de trinta dias, mas podem ser prorrogados por mais trinta. Portanto, caso participe desses leilões, o mais indicado é projetar quanto será necessário investir nos reparos e regularizações, assim como o tempo que todos os processos demandarão.

Se os lances estiverem muito próximos aos valores de mercado, os arremates não valem a pena.

Grande monta

Grande monta é o famoso Perda Total, popularmente chamado de “PT”. O automóvel só serve como sucate e, geralmente, é comprado por empresas que desejam reutilizar os materiais, negócios especializados e de ferro velho.

Roubo e furto

Cumpre ressaltar, neste quesito, que nos leilões originários das seguradoras há, também, os carros frutos de roubos e furtos. Estes, por sua vez, não passaram por sinistros ou tiveram que ser recuperados.

No entanto, é bastante comum que alguma indenização já tenha sido paga aos clientes. Apesar disso, algumas seguradoras implementam restrições adicionais, como apólices para elevar os níveis de segurança desse tipo de veículo.

Empresas

Corporações de grande e médio porte têm suas próprias frotas. Então, de modo geral, esses leilões contam com veículos de excelente origem, ótimo histórico de manutenções e boa conservação.

Geralmente, os indivíduos que os adquirem fazem bons negócios.

Clássicos

Esta modalidade tem crescido bastante nos últimos anos. Geralmente, são modelos que vão da década de 1970 até 1990, demonstrando um potencial valor histórico.

Nela, o contexto é totalmente diferente, à medida que o automóvel está no pregão, na maioria das vezes, por opção do proprietário.

Juntamente a isso, enquanto subsiste um certo preconceito relacionado aos leilões convencionais, os que são voltados aos clássicos têm obtido, junto ao público, um efeito diametralmente oposto.

Existe uma valorização considerável pela passagem do carro por esse leilão. Além disso, os pregões costumam ser mais transparentes e detalhados. Neles, o conteúdo dos editais é mais extenso.

Isso ocorre porque o documento traz informações – além das habituais – sobre o nível de originalidade, a necessidade de restaurações e, até mesmo, o estado de conservação de determinadas partes e peças, tais como motor, para-choque e assoalho.

Montadoras

Nos leilões de montadoras, entram carros que estão possando por renovações de frota ou, até mesmo, que sofreram danos ao longo de seu transporte.

Por esse motivo, uma vez que as montadoras não se interessam por usá-los nas suas concessionárias, colocam estes veículos para serem comercializados mediante o arremate dos compradores.

Judiciais

Os veículos judiciais são, em sua maioria, automóveis apreendidos em processos criminais e investigativos ou de pendências na justiça trabalhista na cível.

Podem ser, também, boas oportunidades para o comprador conseguir carros em bom estado a preços atraentes.

Contudo, é preciso contar com um advogado para a resolução de questões que possam surgir após o arremate. Entram carros, nesse tipo de leilão, apreendidos pelo Detran em cada estado.

Isso significa que os proprietários destes automóveis estavam em débitos com licenciamentos e/ou IPVA. Desse modo, os veículos são encaminhados aos leilões por outros compradores.

Nessa modalidade, os carros disponíveis ainda não foram devidamente regularizados ou buscados pelos seus antigos donos, em um dado prazo. Visando liberar os pátios e quitar dívidas, os bens são leiloados nesse formato.

Faça uma boa triagem dos veículos que te atraem

Realize uma seleção dos automóveis de seu interesse.

Após a conferência das informações acerca do estado do carro no edital, pesquise no site oficial do leiloeiro quais serão os dias definidos para visitar os lotes – muitos necessitam de agendamento prévio.

Nessa visita, você não poderá ligar o motor do carro, porém, terá condições de fazer uma boa inspeção do veículo.

Ao comprar qualquer carro usado ou seminovo, lembre-se de observar atentamente a lataria, a diferença na coloração das peças, o alinhamento das portas, a existência de sinais de reparos junto ao porta malas e compartimento do motor e os desgastes na cabine.

Caso não se sinta totalmente seguro, o melhor a fazer é levar um profissional de sua confiança para acompanhá-lo durante a visita. Todavia, se você entende do assunto, poderá ir sozinho.

Para decidir se carro de leilão vale a pena, planejamento é essencial

Depois de calcular o quanto você deseja gastar, é indicado conferir qual lance máximo se enquadra no seu orçamento.

Para tanto, leve em consideração tanto as taxas do próprio pregão quanto os custos que, porventura, estejam pendentes do automóvel, como multas e IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores).

Fique alerta: nos momentos de empolgação, muitas pessoas não fazem contas. Para evitar isso, é fundamental planejar o seu lance. Semelhantemente, coloque no papel todos os débitos existentes e a quantia máxima que você dispõe. Desse modo, será mais fácil estabelecer limites para as suas ofertas.

Em relação aos custos, além de IPVA e multas pendentes (que, geralmente, são de responsabilidade do comprador), os carros de leilão trazem, também, algumas taxas administrativas.

Quando o carro de leilão vale a pena?

Para definir quando vale a pena comprar um carro de leilão não existe, infelizmente, uma regra básica. Afinal, não há como determinar se a quantia dada em um lance cobrirá o estado geral do veículo e os seus eventuais custos pendentes.

Todavia, para minimizar esse risco, convém fazer uma pesquisa antecipada, a fim de conferir a média dos preços que, no momento, é praticada no mercado, considerando versão, ano e modelo do automóvel pretendido.

Caso o carro que você tem interesse seja para o seu próprio uso, não é mau negócio dar algum lance somando custos que fiquem na marca dos 20% abaixo do mercado.

Isto é, se o automóvel custar R$ 50 mil entre os seminovos, é válido investir até uns R$ 40 mil (incluindo custos, taxas administrativas e arrematação).

Por outro lado, se o intuito é fazer negócio (como revendas e agências), o melhor negócio é obter, pelo menos, cerca de trinta e cinco por cento de “abatimento” – levando em consideração, evidentemente, os fatores supracitados.

Vantagens

Uma das maiores vantagens em comprar carros de leilão pode ser encontrada, sem dúvida, nos preços praticados. Afinal de contas, é possível arrematar veículos com até trinta por cento de desconto em comparação com a Tabela Fipe.

Portanto, se você considerar apenas os valores investidos na aquisição do veículo naquele momento, a escolha pode ser financeiramente muito vantajosa.

Desvantagens

A lista de desvantagens de adquirir carros em leilões é bem mais extensa do que as possíveis vantagens. Afinal, o arremate do veículo é cercado de desconfianças, principalmente, devido a possibilidade de avarias que o automóvel possa apresentar.

Por essa razão, existe uma maior depreciação que, de certo modo, dificulta a futura revenda do carro, à medida que os lojistas, por exemplo, tendem a evitar esse tipo de negociação.

Acima de tudo, outra desvantagem da compra de automóveis em leilões está vinculada ao seguro. Ainda mais importante: muitas seguradoras não aceitam realizar a cobertura desses automóveis, pois sabem que seu valor de mercado é inferior.

Apesar disso, as empresas que aceitam fazer o seguro, costumam elevar o preço. Assim como em outros tipos de negócios, o fato de o carro ter sinistros e/ou defeitos desconhecidos é um fator que determina a elevação dos valores de negociação.

Lance condicional

Vale a pena mencionar que os leilões, em geral, possuem regras específicas. Dentre elas, destacamos o “lance condicional”. Trata-se da comercialização de objetos de pregões extrajudiciais ou judiciais.

Isso ocorre quando, por exemplo, um pregão opera sob um lance mínimo para um determinado bem, mas tal valor não é atingido.

Nessa ocasião, os leiloeiros reportam o lance que mais se aproxima do valor pretendido à Justiça que, por sua vez, pode negar, deferir ou apresentar alguma contraproposta. Em caso negativo, um novo pregão será realizado.

Pós-leilão

Recomendamos, também, que você separe uma determinada quantia, destinando-a para cobrir a revisão e os reparos do veículo.

Ainda que o carro aparente bom estado e seja originário de frotas de empresas ou mesmo judicial, nunca é possível ter plena certeza da qualidade da manutenção realizada antes do leilão.

Outro aspecto relevante: o veículo de leilão não oferece garantias. Não se esqueça de que automóveis arrematados nos pregões tendem a sofrer uma maior desvalorização, em comparação com a média do mercado.

Isso é válido, inclusive, para os modelos que não tem nenhum histórico de sinistros. Já os que possuem essa condição, quando são aceitos por alguma seguradora, costumam ter menos de noventa por cento de seus valores de referência (tabela Fipe) segurados.

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Até a próxima vez – e dirija com segurança.