O Câmbio CVT é uma transmissão automática que é cada vez mais comum nos automóveis à venda no mercado brasileiro, sobretudo, em modelos de marcas japonesas.
É curioso notar que o primeiro esboço dessa transmissão foi elaborado ainda no século XV, pelo célebre inventor e artista Leonardo da Vinci.
Há muitas pessoas que consideram que os câmbios automáticos são todos iguais.
Entretanto, o Câmbio CVT pode ser construído a partir de concepções distintas, muito embora a finalidade sempre seja a de dispensar a obrigatoriedade da ação dos condutores para efetuar as trocas de marchas.
Evidentemente, na época de Leonardo da Vinci, o conceito não serviria para motores a combustão, mas para veículos que, idealmente, seriam propulsionados pela força humana.
Assim, a efetiva introdução do Câmbio CVT junto à indústria automobilística só ocorreria nos anos de 1950, mediante a iniciativa da empresa DAF, de origem holandesa.
O que é CVT?
“Constinuosly Variable Transmission” (CVT) é o termo, em inglês, para esse câmbio que pode ser livremente traduzido, em português, por “Transmissão Continuamente Variável”.
Neste modelo não existem engrenagens, à medida que ele opera mediante 2 polias: uma conectada ao motor, enquanto a outra fica ligada diretamente às rodas.
Essa é, aliás, a diferença principal em relação aos câmbios automáticos que, por sua vez, funcionam sob a pressão do óleo para realizar as trocas de marchas.
Como funciona o Câmbio CVT?
No câmbio automático epicíclico há uma quantidade determinada de marchas, que são definidas, inclusive, por um conjunto imbricado de engrenagens planetárias.
Um conversor para o torque hidráulico realiza uma função similar ao de uma embreagem de câmbio manual, transmitindo toda a potência do motor à transmissão. Em consequência, a força é transmitida para as rodas.
Sobretudo, a construção do Câmbio CVT é bem diferente. Como não conta com engrenagens, ele é constituído por 2 polias com diâmetros variáveis – interligadas por correia metálica com alta resistência.
Uma dessas polias é ligada diretamente ao motor do automóvel mediante o conversor de torque, ao passo que a outra fica conectada ao diferencial, a fim de transmitir, às rodas, a força de seu propulsor.
Enquanto o diâmetro de uma polia diminui, a outra o aumenta. Desse modo, a relação de transmissão nos eixos é devidamente alterada.
Essa relação de diâmetro entre polias e a consequente variabilidade na velocidade de rotação determinam a intensidade da força que é enviada às rodas, levando o motor a operar, quase sempre, em um giro ideal.
O Câmbio CVT, em seu desenho, possui correia com alta resistência e, conforme mencionado, 2 polias com tamanhos distintos. Relembrando: uma dessas polias se relaciona com o motor do automóvel, enquanto a outra está interligada às rodas.
Dito de outra forma, a dinâmica se assemelha ao funcionamento das correntes, coroas e catracas das bicicletas, mas, sem marchas limitadas e fixas.
Logo, a troca de marcha em um Câmbio CVT funciona de modo virtual, segundo a velocidade do carro, adaptando-se a quaisquer situações nas quais o veículo se encontrar.
Da mesma forma, essa transmissão propicia acelerações previsíveis e graduais, resultando em benefícios significativos nas atividades inerentes à condução de um automóvel.
Prós do Câmbio CVT
O consumo reduzido de combustíveis é uma das vantagens mais claras do Câmbio CVT, embora não seja a única.
Além de contar com peças que apresentam um menor atrito em comparação às engrenagens dos câmbios epicíclicos, o sistema é desenvolvido para atuar do modo mais eficaz possível.
Ao passo que um mesmo motor com o sistema de Câmbio CVT consome menos combustível, ele também é mais eficiente no que tange à conservação de energia e ao controle de emissões.
Isso não é possível, por exemplo, em sistemas acoplados a caixas com conversores de torque. Todavia, em certos casos, o Câmbio CVT é mais eficiente, inclusive, do que os câmbios manuais.
Outro “pró” é encontrado na questão do conforto. Semelhantemente, como não tem os trancos inerentes às trocas de marcha, o Câmbio CVT favorece os motoristas que buscam carros com uma tocada mais tranquila.
Conforme o próprio nome indica, a transmissão continuamente variável não tem marchas e, assim, dispões de uma variação ilimitada em suas relações de transmissão, em consonância com as rotações de cada motor.
Às vezes, o fato de não ter elevação repentina nas rotações ao pisar no acelerador pode surpreender os condutores que, em outras experiências de direção, se habituaram a trancos e engasgos do motor.
Em suma, a condução do carro é bem mais confortável e suave.
Assim, a exemplo dos câmbios automáticos com conversores de torque, o Câmbio CVT é desenvolvido para ter uma vida útil de, no mínimo, trezentos mil quilômetros.
Definitivamente, o menor custo de manutenção e de produção é um fato que não deve ser negligenciado.
Do contrário, deixaríamos de considerar que, devido à concepção mais simples em comparação à das caixas epicíclicas ou as de dupla embreagem (principalmente, aquelas que são banhadas a óleo), o Câmbio CVT é mais barato e menos complexo de manter e de fabricar.
Contras do Câmbio CVT
A dirigibilidade é um dos principais “contras” ou desvantagens do Câmbio CVT. Afinal, a experiência de condução é peculiar a muitos condutores, uma vez que o automóvel não possui marchas.
Dentre outros pontos, destacam-se:
- Menor versatilidade: no Câmbio CVT, as caixas tendem a se adaptar bem somente aos motores que possuem torque mais baixo e com adaptação mais complexa aos propulsores que excedem os 30 kgfm. Por esse motivo, picapes, SUVs ou veículos maiores costumam vir equipados, de fábrica, com caixas automatizadas e de dupla embreagem ou caixas automáticas epicíclicas;
- Menos força em arrancadas: mais lento nessas situações, o Câmbio CVT tem preocupado alguns fabricantes (como a Toyota) que já implementarão soluções apropriadas. Uma delas é a adoção da engrenagem física na primeira marcha, visando atenuar essa característica;
- Nível elevado de ruído: há situações que demandam maior desempenho do motor, tais como subidas de ladeiras ou ultrapassagens. O Câmbio CVT, nessas ocasiões, mantém o propulsor em elevadas rotações, incrementando os níveis de ruído e prejudicando, assim, o conforto de motoristas e passageiros.
Principais diferenças de dirigir um automóvel com Câmbio CVT
Por parte do condutor, a operação do Câmbio CVT é similar ao da transmissão automática (com conversor de torque). Igualmente, ela dispensa o uso do pedal de embreagem.
Basicamente, a sua manopla possui as mesmas funções exercidas por um automático convencional, a partir de comandos como: esporte (S), freio-motor (L), ré (R), neutro (N), dirigir (D) e estacionar (P).
Durante a direção do automóvel, os motoristas acabam percebendo que o Câmbio CVT apresenta um funcionamento descrito como “mais liso”, isto é, não propicia trocas perceptíveis de marchas, à medida que elas são progressivamente alternadas.
Uma vez que não existe trocas entre as marchas de relações ficas, esse câmbio pode desagradar uma parte dos condutores, que estranham os ruídos contínuos dos motores de seus carros, sem intercalação ou os trancos leves propiciados por trocas de marchas.
Por essa razão, muitas montadoras programam as suas transmissões para simularem as mudanças de marcha. É isso o que muitos veículos desse tipo já oferecem na atualidade.
Após entender mais a respeito do funcionamento do Câmbio CVT, elencamos duas das suas diferenças mais relevantes em comparação aos câmbios manuais.
Confira em seguida:
- Marcha adequada: as polias de seu sistema mudam de diâmetro segundo a velocidade do carro. Desse modo, o Câmbio CVT encontra-se em constante mudança de marchas, adequando-as às circunstâncias presentes;
- Marchas automáticas: ao dirigir um veículo com Câmbio CVT, o motorista não precisará se preocupar em trocar de marchas ou controlar a embreagem. Em outras palavras, bastará frear e acelerar.
Manutenção e defeitos comuns
A manutenção do Câmbio CVT é considerada complexa, pois conta com boa quantidade de elementos eletrônicos, embora apresente menor dificuldade construtiva quando comparado aos câmbios automáticos convencionais e aos de dupla embreagem.
Dentre os defeitos mais comuns ao Câmbio CVT, destacamos a vibração excessiva – causada, geralmente, pela patinação de sua corrente metálica.
Sempre que isso ocorre, os condutores encontram um sinal claro de que o fluido encarregado pela transmissão deve ser imediatamente substituído.
O fluido da transmissão do Câmbio CVT, assim como todos os fluidos, perde propriedades ao longo do tempo de utilização, de modo que é altamente recomendável efetuar trocas preventivas, segundo o indicado no manual de cada automóvel.
Frequentemente, os fluidos sofrem deteriorações a partir da elevação na temperatura. Por esse motivo, é crucial tomar medidas que preservem o seu sistema de arrefecimento, mantendo-o em bom nível de manutenção.
Caso esquente muito, os fluidos oxidam, falhando em sua ação detergente e começando a sofrer alterações de viscosidade. Isso pode provocar uma indesejável perda de tração.
Nas situações mais extremas – após anos de utilização – o Câmbio CVT deve passar por reforma completa. Felizmente, essa intervenção tem um custo razoável.
Caso o automóvel não tenha graves problemas no cone, a reforma tende a custar, em média, R$ 6 mil.
Analogamente, podemos afirmar que a opção pelo Câmbio CVT é uma boa ideia, dada a quantidade de benefícios que ele entrega aos proprietários de automóveis.
Entretanto, é necessário levar em consideração os valores dos modelos de veículos que contam com esse sistema, bem como os preços das manutenções – que devem ser realizadas frequentemente.
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Olá, sou Hianca! Sou bacharel em Direito e redatora. Meu interesse por carros começou desde cedo, pois eu cresci com a curiosidade de uma criança que via seu avô consertá-los. Na graduação, tive a oportunidade de explorar um outro ponto de vista deste universo: a legislação de trânsito. Esta conexão já me rendeu bons temas!