Marchas de Carros: Quais São, Como Funcionam, Como Passar Corretamente

Você vai à concessionária comprar um novo modelo e o vendedor apresenta o mesmo, mas com diferentes marchas de carros.

Câmbio automático e manual você já conhece, mas automatizado? CVT? O que faz cada um deles?

Hoje vamos apresentar os diferentes tipos de marchas de carros, explicar como elas funcionam e como fazer a passagem de marchas em carros convencionais sem correr o risco de danificar a caixa de transmissão.

Como funciona o sistema de transmissão?

Como funciona o sistema de transmissão?
Fonte: Portal Lubes

Dito de forma simples, o sistema de transmissão se refere ao conjunto de componentes responsável por levar a energia produzida pelo motor até as rodas do seu carro. É por intermédio deles que o veículo consegue se deslocar.

O sistema é formado por engrenagens, polias e eixos, que operam dentro de determinadas rotações por minuto.

Como você sabe, existem centenas de motores diferentes e cada um funciona com uma capacidade de rotação diferente. Isso faz com que cada sistema de transmissão automotiva seja feito de acordo com aquele propulsor.

Entre as diferenças está o local onde os componentes são instalados, se o automóvel tem tração dianteiro, traseira ou ambas, etc.

Tudo isso precisa trabalhar em constante sintonia, e as diferentes combinações fazem com que o carro tenha diferentes desempenhos. É aí que entra a função da troca de marchas.

É essa medida que estabelece o limite de rotações com que o motor atua em relação ao giro das rodas, fazendo com que o carro oscile entre mais força ou maior velocidade.

Tipos de sistema de transmissão

Apesar de ter, ao fim e ao cabo, o mesmo objetivo, existem diferentes tipos de sistema de troca de marchas de carros.

Não faz muito, a marcha do carro era dividida apenas em câmbio manual ou câmbio automático.

Mas, com o avanço da tecnologia, o sistema de transmissão ganhou alguns dispositivos e novas maneiras de funcionar. E a gente explica cada um deles a partir de agora.

Manual

Câmbio Manual
Fonte: Revista Carro

O câmbio manual existe desde que os carros ganharam as ruas, lá no fim do século 19, e persiste até hoje – mas, cada vez mais, está entrando em desuso.

É certo que, em poucos anos, os carros deixarão de ser produzidos com esse sistema.

Ainda assim, ele ainda é o mais comum nas estradas do Brasil devido à grande quantidade de veículos nem tão novos que circulam.

Outro ponto é que muitos saudosistas consideram que o modelo é o melhor para se dirigir – fazendo uma comparação, é algo semelhante ao que o pessoal da música fala em relação ao disco de vinil. Em comum aos dois reside o fato de ser uma tecnologia superada.

Como você sabe, neste modelo é o próprio condutor quem tem todo o trabalho de fazer a mudança de marcha.

O processo começa com o acionamento do pedal da embreagem e a posterior seleção da marcha a ser adotada na transmissão.

A pressão exercida sob o pedal tem por função desacoplar o motor e permitir que o sistema de engrenagens fique livre na caixa de câmbio.

O passo seguinte é acionar a alavanca de câmbio. Até meados do século passado, a alavanca ficava junto ao volante, mas depois a indústria automobilística a transferiu para o lado direito do motorista – onde fica até hoje.

À exceção, claro, está nos carros que circulam em países onde o volante fica do lado direito – e, nesse caso, a alavanca vai para a esquerda.

Independentemente de onde ela está posicionada, se no volante ou entre os bancos, ao movimentar a alavanca de câmbio o condutor aciona um componente chamado garfo de engate.

E ele irá se posicionar na engrenagem do sistema de transmissão de acordo com a marcha desejada.

Automático

Como usar câmbio automático?
Fonte: Instituto Combustível Legal

Nesse tipo de câmbio, como o próprio nome sugere, tudo é feito de forma automática pelo veículo.

Ou seja, (quase) todo o processo de seleção de marchas de carros que têm esse sistema ocorre sem a necessidade de o motorista agir.

Para que isso aconteça, claro, a própria construção do sistema precisa ser diferente daquela vista nos carros de transmissão manual.

Afinal, no modelo antigo é preciso acionar um pedal para o processo se iniciar. Neste, o pedal nem sequer existe.

A embreagem não se faz necessária porque, diferente do câmbio manual, em que o conjunto de engrenagens reúne diversas relações para cada marcha, no câmbio automático existe um sistema chamado engrenagem planetária.

Ele analisa a velocidade do veículo e a rotação do motor para automaticamente definir qual a melhor combinação para o momento.

Além disso, a ligação entre a caixa de transmissão e o motor é indireta. O mecanismo responsável por isso é o conversor de torque.

Ele possui um fluido interno que é bombeado pelo motor para transferir sua força para a transmissão.

Mais fácil de guiar, os carros com câmbio automático são indicados para pessoas que não gostam de fazer as trocas de marchas de carros e para quem tem problemas para acionar o pedal de embreagem.

É importante ressaltar, contudo, que tanto o custo do carro quanto a da própria manutenção são maiores.

Automatizado

Câmbio Automatizado
Fonte: Autoesporte – Globo

Grosso modo, podemos dizer que este é um modelo híbrido, uma vez que ele mistura características do câmbio manual e daquele automático.

Como o próprio nome sugere, o condutor não precisará fazer muito esforço. O pedal da embreagem, mais uma vez, não é necessário – ainda que o funcionamento da caixa de transmissão seja parecido.

Ocorre que o câmbio automatizado tem um sistema semelhante ao do manual, mas o acionamento das engrenagens se faz através de um computador.

Vale destacar que existem dois tipos de câmbio automatizado, o simples e o de dupla embreagem.

A vantagem do segundo é que o sistema deixa a marcha seguinte à que está em funcionamento já pré-engatada, o que torna a passagem das marchas mais suaves e eficientes.

Veículos com esse tipo de transmissão são indicados para quem não gosta de câmbio manual e, ao mesmo tempo, não querem gastar tanto com um veículo automático.

CVT

Câmbio CVT
Fonte: Quatro Rodas

Essa é a evolução máxima que se conseguiu até hoje em termos de marchas de carros.

O modelo CVT – sigla em inglês para Continuously Variable Transmission, algo como Transmissão Continuamente Variável – cria infinitas relações de marcha. Assim, não há um degrau entre as trocas.

O que isso quer dizer? Significa que, diferentemente dos câmbios manuais, automatizados e automáticos, o condutor simplesmente não sente que o veículo mudou de marcha.

Existem diferentes tipos de câmbio CVT, mas a lógica de funcionamento entre eles é a mesma.

O sistema identifica qual é a faixa ideal de rotação do motor e cria uma relação entre a polia que envia a força do motor e aquela que recebe esta força na caixa de transmissão.

Por operar sempre em busca do melhor desempenho possível, esse tipo de câmbio oferece o melhor aproveitamento de combustível entre todos os modelos, sem desperdício.

Por outro lado, sua tecnologia às vezes desagrada condutores mais exigentes, aqueles motoristas que sentem verdadeiro prazer em dirigir.

Isso porque, como não se percebe as passagens de marcha, a condução pode parecer monótona.

Quando fazer a troca de marcha?

Apesar de existir uma lógica, não existe uma regra específica sobre quando efetuar a troca de marcha. Afinal, além da própria configuração e potência do carro, a preferência do motorista também influi.

Considere, por exemplo, um carro mais simples, com motor 1.0, e outro mais potente, com propulsor 2.0. Certamente, o primeiro deles exigirá a troca da marcha do carro em velocidades inferiores ao do segundo.

Mas existem algumas regras que seria bom seguir, até para aumentar a vida útil do sistema de transmissão.

Uma delas é seguir o que sugere o conta-giros, um item que costuma aparecer no painel do seu carro.

Em geral, ele conta com um mostrador na cor vermelha, que sinaliza que o motor está chegado ao limite de sua rotação. Quando isso acontece, é hora de proceder com a mudança de marcha.

Mas isso só acontece quando se está guiando em estradas e rodovias, quando a velocidade média é maior e a aceleração é mais constante.

Carro sem conta-giros

Nesse caso, vale o que todo motorista mais experiente sempre indicou: ouvir o som do seu carro.

Quem guia com alguma frequência sabe que o barulho do motor não é constante; ele varia de intensidade, considerando uma série de questões.

Se o som do motor passa a ser constante, e a velocidade do carro não se altera mesmo que você pise mais no acelerador, é mais do que um indicativo de que é preciso fazer a troca de marcha do veículo.

Passar a marcha considerando a velocidade

Se você for motorista com pouca experiência ou tiver algum problema de audição, é possível fazer a troca de marchas considerando a variação de velocidade do carro.

Como dissemos anteriormente, isso passa por uma série de fatores, incluindo a capacidade do motor. Assim, é fundamental que você leia o manual de seu carro para saber a velocidade considerada pelo fabricante.

Os modelos 1.0, por exemplo, costumam seguir esta relação:

  • 1ª marcha – até 20 km/h.
  • 2ª marcha – até 40 km/h.
  • 3ª marcha – entre 40 km/h e 50 km/h.
  • 4ª marcha – quando o carro estiver próximo aos 60 km/h.
  • 5ª marcha – Não há uma regra, mas em geral deve ser engatada após superar os 60 km/h. Ela é mais comum de ser usada em estradas e viagens maiores.

Como passar a marcha corretamente?

Quem nunca arranhou uma marcha, que atire a primeira pedra. Sim, mesmo motoristas mais experientes podem, eventualmente, se atrapalhar na hora de fazer a mudança de marcha do carro.

Em geral, isso acontece porque os movimentos parecem ser tão naturais que o condutor acaba se atrapalhando.

Dito isso, fazer a passagem de marchas de maneira segura, sem risco de causar danos, passa por seguir os seguintes procedimentos – e nesta exata ordem:

  • Tire o pé do acelerador;
  • Pise na embreagem, forçando-a até o final;
  • Selecione a alavanca de câmbio até a marcha que deseja;
  • Solte o pé da embreagem, ao mesmo tempo em que volta a pisar no pedal do acelerador;
  • Tire o pé da embreagem.

Como identificar problemas nas marchas de carros?

A menos que você seja um grande conhecedor de automóveis, apenas um mecânico é capaz de identificar problemas no sistema de transmissão de seu carro.

Mas, assim como na relação médico-paciente, a procura inicia após a apresentação de alguns sintomas, sobretudo de embreagem.

Veja os mais comuns:

Marchas arranhando

Uma arranhada na marcha na hora de fazer a transmissão é comum – mas apenas se isso acontecer apenas eventualmente, e por alguma imperícia do motorista.

Agora, se as arranhadas de marcha são frequentes, aí é forte o indicativo de que há algum problema com a caixa de câmbio.

Afinal, as arranhadas significam que as engrenagens não se acoplaram da maneira como deveriam.

Se isso for recorrente, a chance de quebrar ou amassar os dentes da engrenam é grande, e nesse caso o sistema ficará comprometido.

O carro “apanha” para subir ladeiras

Em ladeiras muito íngremes, infelizmente é relativamente comum carros com motores menos potentes terem dificuldades para subir.

Às vezes até mesmo acontece de o condutor pedir que se desocupe o veículo. Mas se o seu carro sempre conseguiu subi-las sem dificuldades e, de uma hora para outra, passou a exibir o problema, pode ser sinal falha no sistema de transmissão.

O mais comum, nesses casos, se relaciona à embreagem.

E se surgir um cheirinho de queimado, é forte o indicativo de desgaste nos discos.

Embreagem muito alta

Isso é muito comum de acontecer em veículos mais antigos ou que já rodaram bastante.

Carros novos ou com a transmissão em dia começam a se movimentar ou a mudar de marcha quando o pedal da embreagem chega por volta da metade do seu movimento completo.

Com o passar do tempo, porém, é preciso apertar o pedal cada vez mais para que ele obedeça ao comando.

Quando isso acontece, é sinal que as peças sofreram desgaste e precisam de manutenção.

Escape de marchas

Se eventualmente as marchas começarem a escapar sozinhas, vá ao mecânico o quanto antes.

Dificuldades para engatar a alavanca de câmbio

O seu carro pode ser o mais antigo possível, mas uma coisa ele precisa ter em comum aos veículos mais novos: o engate da marcha precisa ser suave, sem precisar forçar.

Isso porque o engate acontece em meio a um fluido de câmbio, que alivia o atrito e facilita o movimento. Se você tiver que fazer força, é sinal de que o nível dele está baixo ou ele perdeu as características.

Barulho ao pisar no pedal da embreagem

O pedal do acelerador não faz barulho ao pisá-lo, correto? E o da embreagem, também não. Se começar a fazer, é prova de que algum componente está danificado.

Mancha de óleo sob o carro

Aquelas manchas de óleo que ficam sob o carro depois de um tempo estacionado indicam sempre um vazamento.

Em geral ele é associado ao óleo lubrificante do motor – o que também enseja uma ida ao mecânico -, mas pode ser também vazamento de fluido de transmissão.