Uma dúvida comum a muitas pessoas: afinal, álcool e gasolina se misturam?
Talvez um dia você já tenha respondido a essa pergunta no colégio, mas atualmente é o que busca entender boa parte dos motoristas.
Afinal, praticamente todo veículo que sai das montadoras hoje é um carro flex.
Por isso, saber se é possível misturar álcool e gasolina é uma dúvida pra lá de pertinente.
Ainda que os carros elétricos venham ganhando espaço, esses dois combustíveis são de longe os mais usados nas estradas do país.
Não é muito comum os motoristas optarem por usar ambos na hora de abastecer, mas, como mostraremos logo adiante, isso é possível: afinal, álcool e gasolina se misturam – e um dispositivo que se chama sonda lambda permite que se faça isso no tanque sem qualquer risco de afetar o carro.
Mas fica tranquilo, que a gente explica tudo isso a partir de agora.
Carro flex: posso misturar álcool e gasolina?
Respondendo de forma direta, e tendo a química como base: sim, álcool e gasolina se misturam. Quando se colocam ambos no mesmo compartimento – como um tanque de combustível, por exemplo -, eles formam o que chamamos de mistura homogênea.
As fórmulas químicas de cada um fazem com que a mistura aconteça de forma natural. Tanto é assim que a própria gasolina, como você já deve saber, não é 100% gasolina.
Cerca de um quarto de sua composição é de álcool anidro, e essa mistura já vem da própria refinaria.
Mas se você chegou a este artigo é provável que sua dúvida seja outra, não é mesmo?
Vamos tentar adivinhar: você se assustou com o preço dos combustíveis e está com metade da gasolina no tanque. Seu carro, aliás, tem motor flex.
Você quer saber se pode completar o tanque com álcool ou se deve esperar ele esvaziar, correto?
A resposta é um sonoro sim!
Existem alguns mitos por aí de que a mistura poderia trazer confusão ao motor e causar deficiência à combustão. Mas isso não é verdade.
Motores flex são, por definição, aqueles que têm flexibilidade de combustíveis. Além disso, não faria sentido nenhum ter que esperar o combustível do tanque acabar para fazer a troca.
Afinal, o motorista teria que ficar sempre no limite da reserva para poder abastecer.
A troca pode acontecer a qualquer momento porque os carros flex possuem um sensor no escapamento cuja função é justamente identificar qual combustível está sendo se usando.
Chamada ‘sonda lambda’, essa peça detecta o tipo de combustível a partir do teor de oxigênio da fumaça.
E essa informação vai direto para a central eletrônica do automóvel, que faz o devido ajuste no motor.
Qual a proporção de mistura?
Bom, agora que você já sabe que pode misturar álcool e gasolina nos carros flex, é possível que você queira saber se existe uma proporção ideal ou limite para a mistura dos produtos.
A resposta é “depende”, e isso tem a ver diretamente com o tipo de resposta que você quer do seu veículo.
De cara, vamos lembrar que, no Brasil, combustível misturado existe até mesmo por força de lei. Na gasolina, por exemplo, a legislação do país estabelece um percentual de 27% de etanol – o que chamamos popularmente de álcool.
Até mesmo o etanol vem com mistura: sim, 7% do álcool hidratado que você abastece na bomba são, na verdade, água.
Mas, para além disso, o carro flex pode receber os dois combustíveis na hora de abastecer. E a quantidade de cada um no tanque faz diferença.
Com cerca de 30% de gasolina e 70% de álcool, por exemplo, o carro flex que fica em regiões frias não sofrerá nenhum tipo de problema ao dar a partida.
Vale lembrar que isso, sim, não se trata de um mito: abaixo de 15 °C, o etanol vaporiza com mais dificuldade, o que dificulta a partida do motor.
Por outro lado, uma mistura em proporções iguais traz ao motor do carro flex um pouco mais de desempenho e um pouco menos de autonomia, se compararmos ao uso só com gasolina ou só com álcool.
Em suma, não existe uma divisão exata ou ideal. Você pode misturar álcool e gasolina ao seu bel-prazer. Os motoristas só precisam ponderar qual a resposta que esperam dos motores.
Vantagens e desvantagens do álcool
Quem abastece com álcool em geral vai em busca de economia – o que nem sempre acontece, diga-se -, mas o combustível também traz outras vantagens em relação à gasolina.
Do ponto de vista da rodagem, o etanol oferece maior potência ao motor do seu carro.
Quando falamos em termos sustentáveis, seja do próprio carro, seja do ponto de vista do meio-ambiente, o álcool traz ainda mais vantagens.
Por possuir menos carbono que a gasolina, o produto praticamente não deixa depósito de produtos carboníferos no motor.
Além disso, a emissão de gases nocivos à atmosfera é consideravelmente menor do que aquela que se tem com algum tipo de combustível fóssil.
Para completar, o etanol da cana-de-açúcar – principal matéria-prima para o álcool no país, é uma fonte renovável, diferente do petróleo.
A opção pelo álcool no tanque, porém, traz também algumas desvantagens.
Ainda que o desempenho do propulsor seja um pouco melhor, isso carrega consigo um aumento de consumo do combustível do veículo.
A outra potencial desvantagem está na economia. Ela só existe de fato se o álcool custar até o valor máximo de 75% do que custar a gasolina. Caso contrário, você estará gastando mais.
Vantagens e desvantagens da gasolina
A grande vantagem da gasolina em relação ao álcool reside em uma palavra: eficiência.
Isso acontece por uma questão química. Uma combustão à gasolina libera mais energia do que uma a álcool. E, quanto mais energia se libera, mais fácil se trabalha – é assim na vida, aliás.
Isso também remete de forma automática à outra vantagem: você passará menos tempo abastecendo, porque gasolina no tanque representa mais quilômetros a se rodar.
Por outro lado, esse tipo de combustível também traz uma série de desvantagens.
Primeiro, como você já sabe, está no preço: abastecer com gasolina custa mais (ao menos de acordo com a tabela de preços).
Além disso, como já dissemos, veículos movidos a álcool são mais potentes, pois o combustível suporta uma maior taxa de compressão.
E há ainda o prejuízo ambiental: como todo derivado de petróleo, a gasolina libera enxofre à atmosfera, o que é muito nocivo ao meio ambiente.
Agora você já sabe que álcool e gasolina se misturam. E também conhece todos os prós e contras de utilizar um ou outro.
Assim, cabe a você decidir o que é melhor para o seu veículo – e também para o seu bolso.
Olá, sou Hianca! Sou bacharel em Direito e redatora. Meu interesse por carros começou desde cedo, pois eu cresci com a curiosidade de uma criança que via seu avô consertá-los. Na graduação, tive a oportunidade de explorar um outro ponto de vista deste universo: a legislação de trânsito. Esta conexão já me rendeu bons temas!