O que Gol GT, Gol GTI, VW Santana, Passat e Saveiro têm em comum? Todos eles receberam o famoso motor AP, o mais longevo propulsor da Volkswagen.
Nascido de um projeto militar da Mercedes-Benz nos anos 60, o primeiro caso de motor AP foi introduzido no Audi 80, na Alemanha de 1972, com a designação de EA827.
O nome AP (Alta Performance) era apenas para publicidade e ficou apenas conhecido nos anos 80.
Foi nessa época, então, que a Volkswagen lançou, em 1985, o motor AP do jeitinho que muitos brasileiros conhecem e que perdurou por 27 anos: o EA827 mais suave, mais potente e que vibra bem menos que seus anteriores.
Apesar do fim da produção do motor AP em 2013, ele continua sendo lembrado como um dos propulsores mais robustos e simples do mercado.
Neste artigo, vamos falar mais sobre esse motor da Volkswagen AP e suas vantagens e desvantagens para os modelos de carros que o receberam.
Boa leitura!
O que é um motor AP e por que ele foi considerado o melhor?
Motor AP foi o nome adotado pela Volkswagen para o marketing dos motores de combustão interna, 4 cilindros e refrigeração a água para seus carros.
À época, a VW comercializou seus modelos em três cilindradas: 1600, 1800 e 2000 cc.
O nome verdadeiro do motor era EA827, mas em sua terceira atualização pela VW, o propulsor ganhou o nome de AP para chamar a atenção pela sua performance.
Isso porque, as melhorias apresentadas, como pistões mais largos e um novo comando de válvulas fizeram do motor AP o mais suave e potente que os primeiros motores do tipo dos anos 70.
Por essa razão, muitos brasileiros compravam carros com essa performance, sendo as variantes 1.6 (AP 600), 1.8 (AP 800) e 1.8 S (AP 800 S) as primeiras a receberem o mecanismo da VW AP.
Todo o desempenho desse motor resultou em um grande sucesso durante 27 anos em que esteve presente em diversos modelos da Volkswagen e também da Ford.
Sem contar que o motor AP é muito utilizado por preparadores, porque além de ser fácil encontrar peças para esses motores, o propulsor é mais acessível e popular.
Era possível, inclusive, extrair o máximo de potência do AP, sendo o queridinho para turbinar veículos.
Mas também é claro que ele possui suas desvantagens – que veremos mais a seguir – e que nem todas as pessoas eram fãs do projeto.
Ah, já que citamos a combustão interna, vale mencionar o virabrequim, um dos componentes fundamentais do motor.
Você conhece todas as funções do virabrequim? Fizemos um post para explicar sua importância. Confere tudo depois, hein?
Curiosidades sobre o motor AP da Volkswagen
Ao longo dos 27 anos de produção do motor AP, muita coisa aconteceu, desde os primeiros carros equipados com AP 800S, AP 1800, entre outros, até a inclusão de motor flex e injeção eletrônica.
Reunimos aqui algumas curiosidades sobre a família de motores da Volkswagen, incluindo a origem do projeto nos anos 60 até o seu bem aventurado substituto.
Confira!
Primeiros carros com o novo motor EA827 / AP: 600 e AP 800
Quase todos os modelos nacionais do grupo Volkswagen e também da Ford foram equipados com o motor AP, finalizando com o Gol G4, no ano de 2013.
Mas, se formos listar os primeiros carros com o motor EA827, temos que voltar mais no tempo e mencionar o primeiro veículo a receber o propulsor: um Audi 80, que até então, pertencia à família Mercedes-Benz.
Lembrando aqui que o motor EA827, antes de receber o nome de AP pela VW, fazia parte do projeto militar da Mercedes-Benz nos anos 60.
A marca pretendia lançar uma família de motores de 4 cilindros e substituir a corrente metálica pela correia dentada de borracha.
Após a passagem na Alemanha, em 1972, o motor EA827 chegou ao Brasil dois anos depois, estreando em um Passat em duas versões: motor BR, com 65 cv, e BS, com 80 cv.
Já em 1982, outros modelos ganharam o propulsor, chamado agora de VW MD 270 (para Gol, Parati, Passat e Voyage, cada um com 1.6 litros e com alterações na taxa de compressão) e MD 280 (Passat, Gol GT e Santana/Quantum, cada um com 1.8 litros).
Mas foi somente em 1985, que a Volkswagen trouxe melhorias significativas para o EA827, propagado como motor AP. Entre as variantes que receberam essa belezinha, estão o 1.6 (AP 600), 1.8 (AP 800) e 1.8 S (AP 800 S).
Esse último, inclusive, foi introduzido no Gol GT 1.8, com potência chegando a 99 cv.
A propósito, o Gol GT tinha 106 cv, mas a VW ocultou essa informação para fugir da alíquota aplicada em motores acima de 100 cv.
Por isso, naquela época, as maiores potências variavam entre 85 a 99 cv.
Resumindo, os primeiros carros com motor EA827/AP, foram:
- Audi 80;
- Passat, com motor BR e BS;
- Voyage;
- Parati;
- Gol;
- Saveiro;
- Santana;
- Passat GTS Pointer;
- Voyage Super;
- Gol GT.
Aproveitando essa lista com os primeiros carros com AP da VW, há também uma lista com os 27 modelos de carros populares mais vendidos.
Tem Renault Duster, Fiat Mobi, Chevrolet S10, e claro, os modelos da Volkswagen, como o Gol e Voyage, que não podiam ficar de fora desse conteúdo.
Volkswagen AP-2000, o primeiro motor com injeção eletrônica do Brasil
Não demorou muito para a VW lançar sua variante de 2.0 litros, denominada AP-2000. Isso levou a montadora a alterar o nome da família de motores para AP-1600 e AP-1800.
A nova variante equipava os primeiros carros com injeção eletrônica da Bosch LE-Jetronic, como o Gol GTI, tornando-se um dos modelos mais caros da marca VW.
Além do Gol GTI e de Santana, o motor AP 2.0 (AP-2000) também equipava as variantes de Voyage e Parati (Fox e Fox Wagon, respectivamente) com injeção eletrônica.
Além disso, os carros da Ford também receberam motores AP, como Belina, Pampa, Del Rey e o Escort XR3, graças à joint-venture Autolatina, uma parceria entre Ford e Volkswagen que começou em 1987 e foi até 1996.
O modelo esportivo Escort XR3, por exemplo, chegou ao mercado com o AP 1800 S, que também já havia equipado o Gol GTS.
Além da Ford, outros modelos nacionais ganharam motores AP, como o Gurgel Carajás, derivado do Santana, com AP-1800 de 97 cv.
A marca fez um bom sucesso durante os 10 anos em que esteve produzindo, falindo em 1994. Durante esse tempo, Gurgel usou uma configuração a diesel derivada da Kombi de 50 cv.
Falando em Ford, muito se fala no motor CHT e de sua baixa eficiência e economia. Será verdade?
Resolvemos averiguar e fizemos uma lista de vantagens e desvantagens do CHT da Ford. Confere lá depois!
Motor AP também foi o primeiro motor flex do Brasil
Quando falamos em motor total flex, muita gente já sabe: o primeiro a trazer o propulsor flex ao Brasil foi a família da VW motor de alta performance.
Com ele, era possível abastecer o veículo com a mistura de gasolina e álcool, ou apenas um dos dois.
O motor AP já tinha passado por algumas evoluções, desde a família EA 827, com o cabeçote de fluxo cruzado e comando variável, o 1.9 a diesel, passando pelo Gol GTI 16V e seu motor importado de 2.0 e 141 cv de potência, até a inclusão da injeção eletrônica.
Mas a grande inovação veio em 2003 com o lançamento da tecnologia bicombustível.
Nesse sentido, o primeiro carro nacional a receber essa tecnologia foi o Gol 1.6 Total Flex, que entregava 99 cv de potência com gasolina e 101 de álcool.
Depois, foi a vez da versão do motor Volkswagen Gol Total Flex com AP 1.8, 103 cv de gasolina e 106 cv de etanol.
Vantagens e desvantagens do motor AP
Há amor e ódio envolvidos quando o assunto é motor AP da marca Volkswagen, por isso, vamos destacar aqui as vantagens e desvantagens do AP durante sua era de ouro no Brasil.
Vantagens do motor AP
- Versatilidade;
- Resistência;
- Alta potência;
- Facilidade na manutenção.
Não é difícil saber o porquê da versatilidade, não é? O motor AP se tornou o queridinho dos preparadores, por ser a opção mais acessível para turbinar um carro. Há casos em que motores chegaram até mil cavalos!
Além de versátil, o motor AP também ficou famoso pela sua resistência.
Não é difícil encontrar pessoas no Brasil que compraram um carro com motor da Volkswagen e demorou anos para ter problemas.
Isso é qualidade! Quem compra um carro não espera nada menos que isso.
Além disso, a alta potência é uma marca registrada do AP, que chegava a 106 cv com etanol no VW Gol 1.8.
Por si só, ele já agravada por sua potência, ainda que os condutores procuravam turbinar os veículos para ficarem ainda melhores.
Por último, o motor AP é de fácil manutenção.
Esse é outro ponto a favor, uma vez que não adianta adquirir um carro moderno, com boas cilindradas e alta potência, se na hora da manutenção for muito difícil encontrar peças para repor, certo?
Sendo assim, o motor AP foi bastante vantajoso enquanto estava entre nós com as suas configurações para a época.
Desvantagens do motor AP
- Não suporta altas rotações;
- Risco de entupimento e perda de vida útil.
Quem gostava de disputar uma corrida, encontrava problemas com o seu possante da VW AP.
Mesmo tendo um carro com AP 2.0, preparado para corridas com longa distância, nada garantia o seu bom desempenho, devido a uma falha de ressonância sonora.
Essa falha impedia que um carro ficasse por muito tempo no limite da rotação, em torno de 5 mil rpm. Do contrário, o pistão poderia trincar, ou a biela sofrer fratura.
Outro problema (crônico) dos motores AP é o risco das mangueiras de resfriamento do motor entupir, ainda mais aquela que sai do reservatório para o coletor.
Esse é o problema mais comum do AP e que se não houver prevenção, o motor pode fundir e ter sua vida útil reduzida.
Motor AP ou AT?
A robustez e a simplicidade dos motores AP aumentaram a demanda no mercado de preparadores para turbinar os automóveis.
Afinal, como já mencionado neste artigo, comprar peças para o motor AP era muito fácil e de preço popular.
Por isso, encontrar componentes para preparação em motores AP era bem fácil e deixava a potência nas alturas. Contudo, o motor AP ficou para trás, porque tudo na vida evolui.
Por outro lado, a VW AP garantiu muitas receitas para outros motores mais modernos, apoiando-se em suas diretrizes básicas para a produção de outras famílias de motores, como o AT (Alto Torque).
Chamado de EA 111 na Alemanha dos anos 70, com capacidade em litros menor que o do Passat e quatro cilindros, com comando de válvulas no cabeçote, esse modelo de motor equipou o Volkswagen Polo e o Audi 50.
Mas sua chegada ao Brasil ocorreu apenas em 1997, com uma configuração evoluída e tendo recebido o nome de AT, com 1.0 aspirado e 1.6 8V.
Até hoje, com algumas atualizações, o motor AT continua introduzido em modelos, como nos Fox, Voyage, Saveiro e Volkswagen Gol.
Já no exterior, o motor AP foi substituído pela linha de propulsores EA 113.
Motor AP valeu ou não a pena?
Não restam dúvidas de que a passagem do AP da Volkswagen valeu muito a pena para os condutores da época e reflete até hoje nos novos modelos de sucesso.
Desde sua origem no Audi 80 até suas constantes atualizações, como o MD 270, o seu novo comando de válvulas e o mais recente, EA111, a motorização com AP revolucionou o mercado de motores no Brasil.
O AP merece o título de um dos melhores motores já existentes, com tecnologia flex e injeção eletrônica.
Essa foi a história dos 27 anos do motor AP, que entrega potência, versatilidade, resistência, facilidade na manutenção, tudo a custo acessível.
Você tem ou já teve um modelo da Volkswagen ou Ford com AP?
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Olá, sou Hianca! Sou bacharel em Direito e redatora. Meu interesse por carros começou desde cedo, pois eu cresci com a curiosidade de uma criança que via seu avô consertá-los. Na graduação, tive a oportunidade de explorar um outro ponto de vista deste universo: a legislação de trânsito. Esta conexão já me rendeu bons temas!